segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Uma vez Fui Viajar e Não Voltei

Mario Quintana já dizia: Viajar é mudar a roupa da alma. Para traduzir um pouquinho mais qual é o gosto de viajar,  minha amiga Tania me mandou esta crônica, que simplesmente sen-sa-cio-nal. Viaje!


Uma vez Fui Viajar e Não Voltei
 por Marcelo Penteado


Não por rebeldia ou por ter decidido ficar; simplesmente mudei.

Cruzei fronteiras que eu nunca imaginaria cruzar. Nem no mapa, nem na vida. Fui tão longe que olhar para trás não era confortante, era motivador.

Conheci o que posso chamar de professores e acessei conhecimentos que nenhum livro poderia me ensinar. Não por serem secretos, mas por serem vivos.

Acrescentei ao dicionário da minha vida novos significados para educação, medo e respeito.

Reaprendi o valor de alguns gestos. Como quando criança, a espontaneidade de sorrisos e olhares faz valer a comunicação mais universal que há – a linguagem da alma.

Fui acolhido por pessoas, famílias, estranhos, bancos e praças. Entre chãos e humanos, ambos podem ser igualmente frios ou restauradores.

Conheci ruas, estações, aeroportos e me orgulho de ter dificuldade em lembrar seus nomes. Minha memória compartilha do meu desejo de querer refrescar-se com novos e velhos ares.

Fiz amigos de verdade. Amigos de estrada não sucumbem ao espaço e nem ao tempo. Amigos de estrada cruzam distâncias; confrontam os anos. São amizades que transpassam verões e invernos com a certeza de novos encontros.

Vivi além da minha imaginação. Contrariei expectativas e acumulei riquezas imateriais. Permiti ao meu corpo e à minha mente experimentar outros estados de vivência e consciência.



Redescobri o que me fascina. Senti calores no peito e dei espaço para meu coração acelerar mais do que uma rotina qualquer permitiria.

E quer saber?

Conheci outras versões da saudade. Como nós, ela pode ser dura. Mas juro que tem suas fraquezas. Aliás, ela pode ser linda.

Com ela, reavaliei meus abraços, dei mais respeito à algumas palavras e me apaixonei ainda mais por meus amigos e minha família.

E ainda tenho muito que aprender.

Na verdade, tais experiências apenas me dirigem para uma certeza – que ainda tenho muito lugar para conhecer, pessoas a cruzar e conhecimento para experimentar.

Uma fez fui viajar…

e foi a partir deste momento que entendi que qualquer viagem é uma ida sem volta.

Fonte:http://sigoescrevendo.com/2013/08/26/uma-vez-fui-viajar-e-nao-voltei/

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Inglês se aprende...

fonte da imagem: universia
..com dedicação. Não tem jeito. Algumas pessoas me perguntam quanto tempo precisam para serem fluentes e digo – depende do seu esforço. Escola de inglês AJUDA, estudar no exterior AJUDA, mas a ferramenta indispensável é seu único e exclusivo esforço. 

Talvez você não a conheça,  Ângela Levy, 84 anos é primeira intérprete do Brasil. Entende-se intérprete a pessoa que fala em outra língua o que o estrangeiro está dizendo, ou seja, é exclusivamente falado; quando o trabalho do profissional é escrito chama-se tradução. Ela, querida e simpática, com anos de currículo e reputação, aprendeu inglês assistindo filmes. Isto mesmo que você leu; através da telinha do cinema. Nunca saiu do país antes de ser tradutora.  Viveu em uma época que não tinha a cada esquina uma escola de inglês nem livros disponíveis, internet ou coisa parecida. Jô Soares  fez uma entrevista com esta tradutora e vale demais  a pena assistir como um exemplo de experiência de vida e humor. A gravação está dividida em 2 partes; a parte I  e a parte II

Não desista, tente aprender com as músicas, amigos, filmes seja lá o que for, até videogame ajuda (ah! Agora você tem uma desculpa para jogar!). O negócio é aprender do seu jeito! Até achei para você se divertir uma crônica de Rubem Braga hilária. Aproveite!


Aula de Inglês - Rubem Braga

—  Is this an elephant?

Minha tendência imediata foi responder que não; mas a gente não deve se deixar levar pelo primeiro impulso. Um rápido olhar que lancei à professora bastou para ver que ela falava com seriedade, e tinha o ar de quem propõe um grave problema. Em vista disso, examinei com a maior atenção o objeto que ela me apresentava.

Não tinha nenhuma tromba visível, de onde uma pessoa leviana poderia concluir às pressas que não se tratava de um elefante. Mas se tirarmos a tromba a um elefante, nem por isso deixa ele de ser um elefante; mesmo que morra em conseqüência da brutal operação, continua a ser um elefante; continua, pois um elefante morto é, em princípio, tão elefante como qualquer outro. Refletindo nisso, lembrei-me de averiguar se aquilo tinha quatro patas, quatro grossas patas, como costumam ter os elefantes. Não tinha. Tampouco consegui descobrir o pequeno rabo que caracteriza o grande animal e que, às vezes, como já notei em um circo, ele costuma abanar com uma graça infantil.

Terminadas as minhas observações, voltei-me para a professora e disse convincentemente:

—  No, it's not!

Ela soltou um pequeno suspiro, satisfeita: a demora de minha resposta a havia deixado apreensiva. Imediatamente perguntou:

—  Is it a book?

Sorri da pergunta: tenho vivido uma parte de minha vida no meio de livros, conheço livros, lido com livros, sou capaz de distinguir um livro a primeira vista no meio de quaisquer outros objetos, sejam eles garrafas, tijolos ou cerejas maduras — sejam quais forem. Aquilo não era um livro, e mesmo supondo que houvesse livros encadernados em louça, aquilo não seria um deles: não parecia de modo algum um livro. Minha resposta demorou no máximo dois segundos:

—  No, it's not!

Tive o prazer de vê-la novamente satisfeita — mas só por alguns segundos. Aquela mulher era um desses espíritos insaciáveis que estão sempre a se propor questões, e se debruçam com uma curiosidade aflita sobre a natureza das coisas.

—  Is it a handkerchief?

Fiquei muito perturbado com essa pergunta. Para dizer a verdade, não sabia o que poderia ser um handkerchief; talvez fosse hipoteca... Não, hipoteca não. Por que haveria de ser hipoteca? Handkerchief! Era uma palavra sem a menor sombra de dúvida antipática; talvez fosse chefe de serviço ou relógio de pulso ou ainda, e muito provavelmente, enxaqueca. Fosse como fosse, respondi impávido:

—  No, it's not!

Minhas palavras soaram alto, com certa violência, pois me repugnava admitir que aquilo ou qualquer outra coisa nos meus arredores pudesse ser um handkerchief.

Ela então voltou a fazer uma pergunta. Desta vez, porém, a pergunta foi precedida de um certo olhar em que havia uma luz de malícia, uma espécie de insinuação, um longínquo toque de desafio. Sua voz era mais lenta que das outras vezes; não sou completamente ignorante em psicologia feminina, e antes dela abrir a boca eu já tinha a certeza de que se tratava de uma palavra decisiva.

—  Is it an ash-tray?

Uma grande alegria me inundou a alma. Em primeiro lugar porque eu sei o que é um ash-tray: um ash-tray é um cinzeiro. Em segundo lugar porque, fitando o objeto que ela me apresentava, notei uma extraordinária semelhança entre ele e um ash-tray.  Era um objeto de louça de forma oval, com cerca de 13 centímetros de comprimento.

As bordas eram da altura aproximada de um centímetro, e nelas havia reentrâncias curvas — duas ou três — na parte superior. Na depressão central, uma espécie de bacia delimitada por essas bordas, havia um pequeno pedaço de cigarro fumado (uma bagana) e, aqui e ali, cinzas esparsas, além de um palito de fósforos já riscado. Respondi:

—  Yes!

O que sucedeu então foi indescritível. A boa senhora teve o rosto completamente iluminado por onda de alegria; os olhos brilhavam — vitória! vitória! — e um largo sorriso desabrochou rapidamente nos lábios havia pouco franzidos pela meditação triste e inquieta.  Ergueu-se um pouco da cadeira e não se pôde impedir de estender o braço e me bater no ombro, ao mesmo tempo que exclamava, muito excitada:

   Very well!  Very well!

Sou um homem de natural tímido, e ainda mais no lidar com mulheres. A efusão com que ela festejava minha vitória me perturbou; tive um susto, senti vergonha e muito orgulho.

Retirei-me imensamente satisfeito daquela primeira aula; andei na rua com passo firme e ao ver, na vitrine de uma loja,alguns belos cachimbos ingleses, tive mesmo a tentação de comprar um. Certamente teria entabulado uma longa conversação com o embaixador britânico, se o encontrasse naquele momento. Eu tiraria o cachimbo da boca e lhe diria:

--  It's not an ash-tray!
E ele na certa ficaria muito satisfeito por ver que eu sabia falar inglês, pois deve ser sempre agradável a um embaixador ver que sua língua natal começa a ser versada pelas pessoas de boa-fé do país junto a cujo governo é acreditado.

Maio, 1945





terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Onde tudo começou...

O ponto da virada em algum momento da vida é sempre marcada pela arte de mudar. É sim uma arte; talvez não seria se já existisse uma fórmula comprovada de sucesso para qualquer mudança. Mas enquanto ninguém teve esta brilhante ideia, o negócio é fazer do caminho a melhor experiência. Foi assim que a Move surgiu. Era esperado a minha volta para o Brasil, mas eu estava tentando na época lidar com o certa dose de desespero por não ter expectativas de emprego; até o ótima notícia veio com um convite para trabalhar  no Hospital das Clínicas de Curitiba, com uma antiga colega de trabalho. A partir desde trabalho outros começaram a pipocar; seja como publicitária e professora inglês.

Para escolher o nome da empresa mesmo com toda formação em comunicação social nunca tinha experimentado construir minha própria marca. Era tão difícil que fiquei semanas debruçada em pesquisa, conceitos e arquitetura da marca; hoje as vezes acho que isto só torna o trabalho mais complexo por que tinha muito claro o que mais queria: uma empresa que se expressasse tanto em português quando em inglês, capaz  de ter em seu DNA o espírito de mudança. Assim surgiu a Move. 

http://vimeo.com/27246366
A certeza veio também com um vídeo do mesmo nome mostrando a genial ideia de 3 homens em fazer um material que retrata exatamente de movimento. Foram 44 dias, 11 países, 18 voôs e apenas 2 cameras para registrar tudo. O resultado ficou absolutamente fantástico. Move. Confira  aqui